O DIÁLOGO QUE SÉRIES E FILMES TRAZEM SOBRE DEPRESSÃO
- Maria Fernanda
- 14 de abr. de 2021
- 5 min de leitura
Um assunto sério e de bastante relevância sendo foco nas ficções

Depressão é uma doença psiquiátrica crônica que atinge milhões de pessoas, não importa a idade, no mundo inteiro. Normalmente a causa da depressão acontece devido algumas situações que ocorrem na vida de alguém, seja a morte de algum familiar ou até pelo uso de remédios, como Prolopa. Com isto, a depressão está sendo um tema muito abordado em séries, filmes e até em animações.
A depressão pode afetar homens, mulheres, adolescentes e idosos por diversos motivos, como: divorcio, a perda de um ente querido, desemprego, traumas emocionais, cansaço físico ou mental, dentre vários outros. Pessoas com doenças graves como HIV, AVC ou demência, por exemplo, também estão propensas a ter depressão, devido ao preconceito que vão ter que lidar, os difíceis tratamentos que vão ter que enfrentar e principalmente com o medo de morrer. Diabete, lúpus, entre várias outras doenças crônicas também podem deixar a pessoa deprimida devido à mudança na alimentação, por exemplo, deixando de comer alimentos que gosta, pois agora são prejudiciais. Medicamentos como Prolopa, que é usado no tratamento da doença de Parkinson, geralmente podem desencadear a depressão, como um efeito colateral do remédio, mas isso não ocorre com todas as pessoas que o usam, mas quando acontece é preciso pedir para o médico substituir por outro tipo de medicamento, no qual tenha a mesma função, mas que não tenha este efeito colateral.
Em “13 Reasons Why”, série dirigida por Brian Yorkey, baseada no livro Os 13 Porquês, de Jay Asher, aborda assuntos muito importantes como depressão, isolamento, abuso sexual, bullying e suicídio. Quando foi lançada, houve muita polêmica sobre a série ser um perigo, que pudesse acabar influenciando os jovens a tirar suas próprias vidas ou a se automutilar, mas na verdade trata sobre temas bastante relevantes e que muitas vezes são deixados de lado, principalmente na ficção juvenil.

Na animação “A Voz do Silêncio”, filme produzido por Kyoto Animation, um trabalho japonês, de 2016, tem como principal foco o bullying. Um personagem chamado Ishida começa a praticar bullying com uma nova colega de classe chamada Nishimiya, que é surda, e com isto todas as outras crianças da sala de aula começam a fazer o mesmo. Não aguentando os abusos das demais crianças, Nishimiya acaba mudando de escola, logo após, seus antigos colegas se revoltam contra Ishida colocando a culpa toda nele, e assim acaba sofrendo com a rejeição e exclusão de seus colegas e amigos durante um longo tempo. Anos depois, com o peso da culpa sempre em suas costas, Ishida tenta corrigir seus erros do passado que cometeu com Nishimiya, logo depois de ter tentado cometer suicídio.
A depressão na adolescência tem se tornado um debate muito importante, ocorre em um momento de mudanças, de coisas novas acontecendo na vida de um jovem que está começando a conhecer o mundo real, onde tem que lidar com a autoaceitação e autoestima. Assim como em “13 Reasons Why” e em “A Voz do Silêncio”, na vida fora da ficção o bullying acontece nas escolas, portanto é preciso prestar muita atenção no comportamento do filho, do irmão, do primo, do amigo, pois é com esse suporte, esse apoio, que se evita coisas ruins, como o suicídio. Segundo uma pesquisa feita pela Universidade de São Paulo, USP, o Brasil é o país com mais casos de ansiedade, 60% da população, e depressão, 59% da população, devido ao isolamento e as restrições durante a pandemia, o que vem aumentando o medo e estresse nas pessoas.
A animação “A Voz do Silêncio” é uma boa indicação de filme para assistir em qualquer momento, ela se encontra disponível na Netflix.
O processo de luto e como isso causa impacto na vida de alguém
Wanda Maximoff, personagem fictício dos quadrinhos da Marvel Comics, também conhecida como Feiticeira Escarlate, teve sua primeira aparição oficial nos cinemas em uma cena pós crédito de “Capitão América 2: O Soldado Invernal” (2014), junto com seu irmão gêmeo Pietro. Na série “WandaVision”, que teve estreia no começo de 2021, pudemos conhecer melhor a personagem e seu triste passado, no qual ela passou pela perda dos pais quando ainda era uma criança, e anos mais tarde teve a triste perda de seu irmão, em “Vingadores: Era de Ultron” (2015), que era a única pessoa com quem ela podia contar na época. Logo após perder o último membro de sua família, Wanda entra em um processo de luto onde ela ganha o apoio e aproximação de Visão - também um personagem do Universo Cinematográfico Marvel - quando eles começam um romance, mas infelizmente em “Vingadores: Guerra Infinita” (2018), o personagem acaba tendo uma cruel morte - duas vezes ainda, referência trágica para os fãs de plantão -, mas na série ela acaba trazendo seu amado de volta à vida, graças aos seus poderes, em uma cidade que acaba sendo controlada por Wanda.
“Túmulo dos Vaga-Lumes", dirigido por Isao Takahata, uma animação dos Studios Ghibli, é um filme animado de guerra japonês lançado em 1988, trata-se da história de um irmão mais velho, chamado Seita, que luta para cuidar de sua irmã mais nova, chamada Setsuko, que juntos tentam sobreviver aos últimos meses da Segunda Guerra Mundial, logo após perder sua mãe em um bombardeio americano, enquanto seu pai foi convocado para a guerra. Sempre unidos, eles conseguem achar alegria se divertindo com as luzes dos vaga-lumes.
Mas afinal, o que as duas histórias têm em comum? Em ambas pode-se ver o processo de luto. O luto em si não é uma doença e cada um lida com essa situação de uma maneira diferente, como no caso da Wanda e do Seita, mas dependendo do caso pode desencadear uma depressão, necessitando do auxílio de um psicólogo. Infelizmente a morte é algo no qual muitas vezes não tem como fugir, e para aqueles que permanecem vivos isso acarreta um período de dificuldades a serem enfrentadas, como o choro, a negação, a raiva, o sentimento de solidão, a necessidade de ficar isolado do resto do mundo, tudo isto são os processos do luto que algumas pessoas enfrentam. Reforçando que, em alguns casos, a dor que o luto traz pode acabar desenvolvendo uma depressão em casos extremos, portanto é necessário procurar por ajuda psicológica.
Em tempos de pandemia, onde temos que ficar isolados em casa, um momento triste com as notícias de tantas mortes acontecendo, é preciso procurar o auxílio, principalmente de um psicólogo, para não tornar o luto em algo pior, mais perigoso. Enquanto a aceitação, que é o processo final do luto, a dor da perda, a falta de vontade de continuar em frente, tudo vai passando, cicatrizando na alma, mas é um processo difícil e demorado, temos sempre que lembrar que o tempo pode curar.
“Túmulo dos Vaga-Lumes" é um filme aclamado pela crítica, portanto é uma ótima indicação para assistir em um fim de tarde ou em um fim de semana. A animação pode ser encontrada no YouTube.
Depressão é uma doença séria, não é frescura, ela não tem hora para chegar, mas é importante ficar atento aos sinais. Às vezes um acontecimento na vida de alguém, por mais bobo que possa parecer no momento, futuramente pode ser prejudicial à sua saúde mental, pois acontece outros momentos e acumula, vira aquela tristeza dentro de si, desânimo de fazer aquelas coisas que tanto gostava de fazer, e começar a ter pensamentos negativos, passando a não ter mais vontade de viver, por isso é muito importante se tratar. O tratamento geralmente inclui o uso de antidepressivos, inclusive psicoterapia, pois o medicamento tem efeito demorado e com ajuda de um psicólogo e psiquiatra fica mais fácil de descobrir a origem dos problemas e como eles podem ser resolvidos.
O CVV, Centro de Valorização da Vida, dispõe, gratuitamente e voluntariamente, atendimento 24 horas para todos que precisarem conversar e desabafar, com total sigilo, por telefone (188), chat e e-mail.
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