A RETIRADA DAS RESTRIÇÕES E O AVANÇO DA VACINAÇÃO EM SÃO PAULO
- iduniversitario
- 24 de set. de 2021
- 4 min de leitura
Maria Eduarda Oliveira Lima
Na terça-feira (17) de agosto de 2021, o portal de notícias “G1” anunciou que o
governador João Doria realizou uma flexibilização das restrições no estado de São Paulo.
Doria liberou as restrições de horários para serviços de todos os setores econômicos, com comércios funcionando sem limite de horário ou de ocupação. Em contrapartida, o uso de máscaras ainda é obrigatório, assim como os protocolos de higiene e o distanciamento. O governo chegou a dizer que os eventos seriam liberados somente após o resultado de testes controlados, que seriam realizados até o fim do ano, mas acabou voltando atrás com a orientação.
Também está permitida a realização de feiras corporativas e eventos sociais e culturais,
desde que tenham o controle do público. Shows e torcidas, assim como eventos que não
respeitam o distanciamento de 1 metro estão proibidos. As flexibilizações foram realizadas com a queda das internações e com o avanço da vacinação, já que a média de casos no Brasil voltou a cair, chegando a 15.571 nos últimos sete dias. Segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), esse é o menor número desde o mês de maio de 2020. O infectologista José David Urbaez acredita que o número não deve ser comemorado, e acrescenta que “[...] o problema só será controlado quando tivermos dias sem aparecimento de óbitos, para que assim tenhamos uma queda significativa de casos — muito abaixo disso que nós estamos vendo atualmente”.
Com as novas flexibilizações, a cidade começa a tomar suas antigas formas. A prefeitura
de São Paulo anunciou que na Segunda-feira (02) de agosto de 2021, o rodízio para veículos
leves em São Paulo voltou a ser válido, seguindo as flexibilizações propostas pelo governador João Doria. Lembrando que os veículos com os finais das placas 1 e 2 não devem circular na segunda-feira, na terça, 3 e 4, quarta, 5 e 6, quinta, 7 e 8 e sexta-feira, 9 e 0. As faixas horárias voltam a ser como antigamente: das 7h às 10h e das 17h às 20h. O governador João Doria alegou que “São medidas válidas, boas e positivas. A vida está voltando ao normal no estado de SP, de forma segura, passo a passo[...]”
Em relação ao ensino, na quarta-feira (07) de julho de 2021, a regra para as escolas
públicas e privadas já está valendo. As escolas podem receber quantidade indefinida de alunos, desde que seja mantido o distanciamento mínimo de 1 metro entre eles, ou de até 35% da capacidade. Na rede estadual, as aulas presenciais voltaram em 2 de agosto de 2021. Já as federais e privadas, as novas regras começaram a ser aplicadas no dia 4 de agosto de 2021. Já as universidades estão permitidas de receber apenas 60% da sua capacidade total, mas a restrição que permitia aulas práticas apenas para os cursos de saúde não existe mais.
Algumas cidades, no entanto, ainda estão se mantendo com restrições rígidas por medo
de um aumento de casos, principalmente com a variante Delta, que causou outro susto na
população. A variante Delta é uma mutação do vírus, e preocupa por ser mais transmissível do que as outras cepas da covid-19. Além disso, essa variante pode causar infecções em quem já teve a doença. Denise Garrett, epidemiologista e vice-presidente do Sabin Institute, nos Estados Unidos, diz que “Estamos vivendo uma queda de casos, e isso abre espaço para um relaxamento das regras, o que é um grande engano". Ela, assim como muitos outros especialistas, teme que a flexibilização ajude a nova variante a se proliferar.
O estado de São Paulo já vacinou 97,8% da população com a primeira dose dos
imunizantes, e 66% com todo o esquema vacinal completo. Segundo a prefeitura de São Paulo, é o Estado que mais vacina no Brasil, contando com uma logística ágil e organizada. Segundo o G1, muitos postos de vacinação estão registrando a falta de doses para a segunda aplicação da vacina AstraZeneca, e algumas tiveram até que suspender as vacinações.
Com essas novas flexibilizações, o Centro de Contingência, responsável por monitorar
e coordenar ações contra a propagação do coronavírus foi dissolvido. A dissolução foi realizada pelo governo, que de 21 integrantes, agora o Centro conta apenas com 7 deles. O governador João Doria alegou que agora será um comitê, e não mais um Centro. Junto de especialistas, alguns dos integrantes confirmaram à Folha de S. Paulo e ao Globo, que a abertura neste momento da pandemia é prematura, e que deveria esperar a vacinação da segunda dose.
Evaldo Araújo, médico infectologista do Hospital das Clínicas da USP e professor da
Universidade São Judas, acredita que "a cobertura vacinal é desejável e impacta muito
positivamente na redução de internações e óbitos, mas ela não implica no fim da pandemia".
Médicos da Sociedade Paulista de Infectologia são contra a flexibilização e demonstram
"extrema preocupação'' com as recentes medidas de flexibilização de atividades comerciais não essenciais e de entretenimento. Mesmo assim, o Estado de São Paulo está em um momento de transição, com retorno gradual das atividades, e o governador João Doria continua com as flexibilizações, alegando que estas estão ocorrendo "no tempo certo".
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