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A TÉCNICA DE UPCYCLING NA BUSCA DE UMA MODA SUSTENTÁVEL

  • Foto do escritor: Isabelle Oliveira
    Isabelle Oliveira
  • 19 de nov. de 2020
  • 4 min de leitura

Imagem de domínio público.


A busca por uma sociedade mais sustentável é motivo de grande debate há muito tempo. Desde a década de 80, o termo sustentabilidade vem sendo usado e colocado como um estilo de vida e movimento social, com o objetivo de vivermos em maior harmonia com o meio ambiente, e ainda assim gerarmos lucro. Por isso a exigência de uma produção mais sustentável, passou também para os grandes mercados. E o mercado de moda não poderia ser diferente.


Representando uma grande atividade econômica que gera milhões de empregos e movimentações financeiras, a moda se sustentou por muito tempo, e ainda se sustenta através de um sistema baseado no consumo desenfreado, graças a modelos de venda como o fast fashion, que rapidamente se atualiza, trazendo novas tendências e encerrando outras sem permitir criar vínculos com as peças, criando assim um ciclo vicioso de compras e descarte, consequentemente um processo que gera grande poluição.


Graças a esse modelo de produção, a indústria da moda ocupa o segundo lugar entre as indústrias que mais poluem no mundo. Na produção das peças existe um longo processo de degradação ambiental, especialmente quando falamos sobre fast fashion, segundo a HBS (Harvard Business School). Uma peça de roupa usada cinco vezes e descartada, em um mês produz 400% a mais de emissões de carbono do que uma peça utilizada 50 vezes, e mantida por um ano. Vale lembrar que as emissões de carbono são prejudiciais para o efeito estufa, e acelerador do aquecimento global.


Além de emissões de carbono, a indústria têxtil também encontra problemas para criar um processo ecologicamente correto na retirada de sua matéria-prima. De acordo com a BBC, o poliéster, uma das fibras sintéticas mais usadas na produção de roupas, utiliza cerca de 70 milhões de barris de petróleo, todos os anos e demora mais de 200 anos para se decompor. Além dele, existe também a viscose, outra fibra sintética, que necessita da derrubada de cerca de 70 milhões de árvores por ano para ser produzida. Já o algodão, apesar de ser natural, demanda 24% de todos os inseticidas e 11% de todo os pesticidas em sua produção, o que afeta o solo e a água, e uma camiseta de algodão orgânico precisa de 2.700 litros de água para ser produzida.


Os impactos ambientais da indústria da moda não param na matéria-prima. Após comprar uma peça e decidir que ela já não lhe serve mais, vem o momento do descarte, e no Brasil estima-se que são produzidas 170 mil toneladas de resíduos têxteis anualmente, sendo que 60% desse material vão parar em aterros sanitários, ou tomam outros fins onde não são adequadamente reutilizados.


Na busca por uma indústria mais limpa, a moda vem utilizando vários recursos, numa tentativa de tornar seu processo de produção mais sustentável, é uma técnica já antiga que vem sendo muito abraçada por grandes e pequenas marcas, é o Upcycling. A tendência tem como objetivo reutilizar materiais que ainda podem ser transformados em novas peças, dando nova vida útil à matéria têxtil. Reformar peças antigas, utilizar descartes de produções anteriores, e assim evitar o desperdício e o descarte inadequado.


A técnica de Upcycling, permite que a moda encontre um método ecologicamente correto de produzir em uma forma ainda muito criativa, e que agrega grande valor a suas peças. Através do método é possível diminuir os impactos ambientais que a indústria vem causando por anos, com minimização do uso de recursos energéticos e hídricos, diminuição dos processos poluentes na produção e extração de matéria-prima, e de seu descarte.Tudo isso é viável, pois com algo já existente se diminui o processo de criação da peça.


E o uso do Upcycling, não está apenas no mundo dos desejos e idéias para o mercado, na verdade já vem sendo implantado por marcas e sendo visto como um formato positivo para criação de novos produtos. Tanto marcas menores, que foram desenvolvidas com foco em processos de produção sustentáveis, quanto marcas já consolidadas no mercado que agora visam cada vez mais tornar seus trabalhos limpos, estão aderindo à técnica na criação de suas coleções. Mais recentemente o mundo da moda só falava sobre a coleção da Miu Miu, criada totalmente através da técnica, foram feitos 80 vestidos novos, a partir de peças vintages garimpadas e reformuladas com a cara da marca.


É de enorme importância que grandes marcas estejam aderindo técnicas mais sustentáveis, pois mostra que esse pode ser o futuro da moda em larga escala. Além da Miu Miu, estilistas de destaque como Marine Serre e Viktor & Rolf , e grandes marcas de luxo como a Balenciaga, também aderiram ao movimento. No Brasil, marcas como a À La Garçonne, de Alexandre Herchcovitch e Fabio Souza estão usando a técnica na produção de coleções.


O mercado de fast fashion, também tenta se adaptar para se tornar um agente menos poluente, é claro que esse ainda seria um longo processo, que exigiria mudanças em toda a cadeia de produção, e até mesmo em seu próprio conceito, mas ainda assim, seguir as demandas da massa é o foco da moda rápida, e um consumo consciente vem se tornando cada vez mais importante para o consumidor. Por isso grandes lojas de departamento brasileiras vem usando do Upcycling na criação de suas peças, a Renner, por exemplo, possui coleções feitas a partir do reuso de matérias-primas que seriam descartadas, peças essas que ganham uma etiqueta especial, sendo fácil identificá-las nas lojas.


Se você busca aderir na sua vida produtos feitos através de uma produção ecologicamente correta, é perfeitamente possível encontrar marcas que seguem métodos sustentáveis como o Upcycling. Além disso, também é possível contribuir usando suas próprias peças. Antes de descartá-las, pense se ainda há possibilidade de dar nova vida a elas, e caso não seja, pense também na forma correta de fazer o descarte, para assim evitar que ela se acumule em aterros sanitários e cause danos com como entupir bueiros, impermeabilizar o solo, ou até mesmo poluir o ar quando queimadas.


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