DESEMPREGO, ALTA DOS PREÇOS E INFLAÇÃO: OS EFEITOS COLATERAIS DA PANDEMIA
- iduniversitario
- 7 de set. de 2021
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Maycon Calixto

Desde que a OMS declarou pandêmica a situação do Novo Coronavírus, em Março de 2020 o mundo tem acompanhado e vivido transformações de maneira nunca antes vista. A covid que vem flagelando a humanidade impõe um cenário desafiador para governantes no que diz respeito à economia.
No Brasil, que vinha saindo de uma recessão econômica tida como a pior da história desde a redemocratização, a pandemia encontrou um cenário perfeito para provocar efeitos colaterais acentuados. Antes do cenário pandêmico o número de desempregados no Brasil já saltava a casa dos 12,3 milhões segundo o IBGE, além de sub-empregos e intermitentes.
Os setores produtivos da economia já encontravam dificuldades para se recuperar e com a pandemia o cenário ficou ainda mais sombrio. Segundo o portal R7, 300 mil estabelecimentos baixaram as portas no ano de 2020. Setores considerados não essenciais tiveram suas atividades paralisadas. Milhões de brasileiros e brasileiras tiveram sua renda zerada ou algo bem perto disso.
Estes setores são responsáveis por mover boa parte da economia, fechados; garçons, cozinheiros e toda cadeia envolvida nesse setor sofreu fortemente com a quarentena, imposta para conter o avanço da Covid19. Sob críticas, empresários se viram obrigados a demitir funcionários e se adaptar à nova realidade, os serviços de delivery subiram substancialmente nesse período trazendo à vista a realidade dos entregadores, que por sua vez; tiveram de dobrar a jornada devido a alta demanda bem como a chegada de novos profissionais na área, seja para manter ou como complementação de renda.
Passados os primeiros meses, com auxílio emergencial de 600 reais sendo responsável pela manutenção de milhões de famílias, a combalida economia entrou no corredor do desespero e encontrou um cenário climático e político desarranjado. Os números inflacionários romperam a barreira, milhares de pessoas perderam poder de compra e capacidade de manter o básico.
A alta de preços, aluguel, gás, itens da cesta básica, e mais recentemente a energia elétrica que com a baixa dos reservatórios e o acionamento das termelétricas elevaram ainda mais o já corroído orçamento das famílias brasileiras. Vale ressaltar que o consumo das famílias cresceu durante a pandemia com mais gente em casa e inflacionou, por exemplo, o preço do gás que é controlado pela Petrobras. Com a alta das commodities no mercado internacional a alta do dólar o preço do produto nas refinarias subiu e impactou o preço ao consumidor final.
A fila do desemprego hoje no país chega a 14,8 milhões de brasileiros, segundo dados do IBGE, um recorde desde 2012, início da série histórica, ainda segundo o instituto, o número de pessoas com ocupação caiu 3,7 %, número menor que o do mesmo período de 2020. Da população em idade produtiva, menos da metade está no mercado formal. Também é alto o número de subocupados no país chegando a 33,3 milhões de pessoas.
Pesquisa realizada pela Fiocruz revela que o número de pessoas em situação de rua aumentou durante a pandemia, antes da pandemia a estimativa de pessoas nessas condições era de 221 mil, dados do INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICAS APLICADA. Já a prefeitura do Rio de Janeiro revelou que 31% das pessoas estão nessa situação a menos de 1 ano e destes 64% por falta de trabalho.
Durante o período pandêmico o chamado terceiro setor teve enorme papel na manutenção de recursos básicos das famílias, com doações de cestas básicas e itens de primeira necessidade. Porém, o número de doações vem caindo significativamente com a retirada de restrições à circulação e comércio, expondo a insegurança alimentar aos mais vulneráveis.
Para aqueles que mantiveram seus empregos ou conseguiram reingressar no mercado de trabalho, a inflação tem sido a grande vilã. Com 39% de reajuste no gás natural anunciado pela Petrobras, já a conta de luz vinha em bandeira vermelha devido a estiagem e os baixos índice dos reservatórios receberá uma taxa de R$14,20. Com isso o governo pretende estimular a economia dos consumidores concedendo descontos a quem economizar. Na contra mão o IBGE divulgou os dados do produto interno bruto (PIB) do primeiro trimestre, que registrou alta de 1,2%.
O governo federal implantou programas para manutenção do emprego e renda, mas empresários cobram um plano mais consistente pós-pandemia. Fato é, que a curto prazo não se vislumbra uma retomada econômica capaz de recuperar os estragos feitos pelo novo Coronavírus.
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