O PROCESSO DE VACINAÇÃO, LOGÍSTICA, COORDENAÇÃO E APLICAÇÃO NO BRASIL
- Rodney Henrique
- 16 de mar. de 2021
- 5 min de leitura

“Processo de vacinação no Brasil está atrasado, também, devido a fatores diplomáticos e políticos”
Após autorização do uso emergencial pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o início da imunização contra a Covid-19, ocorreu em São Paulo-SP, no dia 17 de janeiro, trazendo grande esperança para a população, que acreditava, até então, que a vacinação seria rápida, embora tenha começado com apenas 6 milhões de doses disponíveis, com aplicação em duas etapas, para uma população de 211,8 milhões de habitantes no país. Doses estas que foram distribuídas aos estados e questionadas, quanto ao cálculo das proporções de doses X população, feito pelo Governo Federal.
SOBRE AS VACINAS
Atualmente há nove vacinas na terceira fase de testes no cenário mundial, apenas duas sendo ministradas no Brasil. A Coronavac, em parceria com o instituto SinovacBiotech, e manipulada no país pelo Instituto Butantã, teve sua produção atrasada por divergências diplomáticas e políticas com a China, fornecedora do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) usado para produção da vacina. Ofensas e posts de mal gosto, especialmente no início da pandemia, como quando o agora Ex-ministro da Educação Abraham Weintraub chegou a dizer em uma rede social que a China estaria se beneficiando com a pandemia no mundo, contribuíram.
A segunda vacina, da AstraZeneca/Oxford em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), também sofreu atraso na primeira remessa de 4 milhões de doses prontas, que seriam remetidas para o Brasil, por questões diplomáticas.
PROCESSO TARDIO DE COMPRA
Em agosto passado, o Governo Federal deixou de comprar 70 milhões de doses de vacina da Pfizer, que seriam entregues a partir de dezembro de 2020, por adotar postura negacionista, e não concordar com termos do contrato nos quais a fabricante não se responsabilizava por eventuais complicações da vacina, ocasionando falta de imunizantes disponíveis para compra imediata no ano de 2021, o que gerou o atraso na vacinação. Ao menos 35 milhões de pessoas seriam beneficiadas já em janeiro por estas vacinas, caso fossem compradas e aplicadas em duas doses.
LOGÍSTICA, ORGANIZAÇÃO E FALTA DE UM PLANO NACIONAL DE VACINAÇÃO EFICIENTE
Com a falta de um plano nacional de vacinação eficiente que fosse seguido de maneira coerente pelos estados e municípios, seguindo o cronograma de prioridades, distribuição e coordenação, o que se viu durante os dias seguintes foi a falta de logística e preparação de um plano eficaz elaborado por parte do Ministério da Saúde junto com os Estados e municípios.
Cidades da Grande São Paulo, Rio de Janeiro e outros Estados enfrentaram a falta de doses, que acabaram ainda durante a campanha de vacinação. Como ocorreu em Duque de Caxias – RJ, que resolveu vacinar a população de 60 anos (120 mil moradores com apenas 6 mil doses, de acordo com a Fiocruz), antes do cronograma estabelecido pelo plano nacional, gerando fila de carros na BR-040.
Em Curitiba-PR, profissionais da saúde foram concentrados no pavilhão do Parque Barigui, gerando grande aglomeração, caso repetido em várias cidades do Brasil, também na fase de vacinação dos idosos.
A VACINAÇÃO HOJE E SEGUNDA DOSE
Com os problemas apresentados acima, o cronograma de vacinação segue lento, por falta de um plano eficaz de vacinação e doses, e segue atrasado quanto à vacinação em outros países. Atualmente o Brasil conta com 9.539.078 de brasileiros vacinados, o que corresponde a 4,50% da população.
Da segunda dose foram realizadas até hoje 3.467.045 doses, ou seja, 1,64% da população brasileira. No ritmo atual, com apenas duas vacinas, segundo Christovam Barcellos, da Fiocruz, terminaremos a vacinação em março de 2024.
Nesta sexta-feira, (12), o governo federal informou que efetuou o pedido de 10 milhões de doses da vacina Sputnik, embora não tenha aprovação pela Anvisa; as doses estão previstas para começar a ser entregues em abril.
(Os dados sobre os números de vacinados nos Estados e países são atualizados diariamente e podem sofrer alterações após a publicação dessa matéria, é possível conferir as atualizações em tempo real nos links 1 e 2 ao fim da publicação)
DEPOIMENTOS DA POPULAÇÃO
Foram entrevistados indivíduos que se vacinaram e também que ainda não conseguiram a aplicação da vacina.
Três perguntas foram feitas aos entrevistados:
1- Como foi a experiência ao ser Vacinado(a)
2- Como foi o processo, o tempo de espera, houve filas, foi um local aberto, amplo ou não?
3- Você se preocupou em não ser vacinado(a)? Como fez para que a garantia de vacinação ocorresse e você não fosse lesado(a) no processo de vacinação?
Sra. Etelvina Mares(78), Aposentada – Recebeu a 1ª dose em São Paulo-SP
“Eu senti muito alívio em ser vacinada, o processo foi rápido. Teve fila, mas foi algo tranquilo. Eu sabia que uma hora ia ser vacinada e fiquei nessa espera. Pedi para minha neta fazer meu cadastro para facilitar na hora da vacinação. Fiquei esperando as informações para saber se na minha idade poderia ser vacinada mesmo. Minhas filhas estavam sempre atentas as informações. No dia, fui com minha filha e ficamos atentas para ver se tinha líquido na seringa e se eu tinha sido vacinada mesmo. A enfermeira que nos atendeu mostrou a seringa antes e depois da aplicação para ter a certeza da aplicação.”
Sr. Jhon Wesley Cruz (21), Profissional da saúde - Recebeu as duas doses em Itapevi-SP.
“Foi uma experiência única já que fui um dos primeiros grupos a serem vacinados. Uma sensação imensa de proteção, mesmo sabendo que pode-se ainda contrair a doença de forma leve. A vacinação ocorreu na unidade onde trabalho, foi feita uma breve inscrição com documentos de identificação e comprovante de residência, dentro de uma sala fechada com ar condicionado. Não houve filas por ser apenas para os funcionários da instituição. Houve uma certa ansiedade para receber a vacina para assim adquirir a imunidade já que lido com pacientes diariamente, contaminados com o vírus SARS COV 2019. Alguns colegas de profissão tiveram reação após a 1ª ou 2ª dose da vacina, como cefaléia, mialgia ou diarréia. Mas eu não desenvolvi sintomas após as duas doses já tomadas. Graças a Deus já estou imunizado.”
Sra. Yone M. Martins Rosseto (83), Aposentada– Não recebeu nenhuma dose e aguarda posicionamento da secretaria de saúde.
“Meu nome é Yvone Maria Martins Rossetto, acamada devido a um AVC (acidente vascular cerebral), com sequelas de paralisias parciais, tenho 83 anos e estou na fila de espera para ser vacinada contra a COVID-19 em casa, pois não tenho como me locomover. Após minha filha ir em dois postos (um da Vila Gomes e outro do Butantã, ambos na Zona Oeste), a equipe de saúde informou a minha filha para aguardar o contato para o agendamento da visita na minha residência para aplicação da vacina. Eu e todos da minha família estamos aguardando ansiosos por esse dia, e confiando no compromisso assumido pelo posto a cerca de 15 dias.”
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Atualização da vacinação por Estados: https://public.flourish.studio/visualisation/5205103/?utm_source=showcase&utm_campaign=visualisation/5205103
Atualização da vacinação por países: https://public.flourish.studio/visualisation/4685883/?utm_source=showcase&utm_campaign=visualisation/4685883
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