SEMANA DE MODA EUROPEIA: A VOLTA DOS DESFILES PRESENCIAIS
- iduniversitario
- 13 de out. de 2021
- 8 min de leitura
Desfiles que aconteceram na metrópole italiana entre os dias 21 a 27 de setembro, tiveram a presença de grifes veteranas e estreantes, com 65 apresentações no total
Amanda Melo e Isabelle Oliveira
Fendi e Versace, entre coleções e parcerias

Foto: Forbes/Elle
Os meses vão passando, porém o universo da moda continua em toda sua produtividade. Após grandes desfiles pelas passarelas em Nova York, deu-se início à temporada na Europa, primeiro em Londres, sendo seguida pela Itália. Em Milão, quem “cortou a fita” para iniciar as atividades foi a Fendi, onde o diretor criativo da marca, Kim Jones, realizou seu primeiro desfile presencial.
Uma redução no número de convidados, uso de máscara, a exigência de passaportes sanitários para comprovar que cada pessoa tomou a vacina contra a Covid-19, além de testes com resultado negativo, foram algumas das providências tomadas para que o evento pudesse ser realizado.
Com referências claras à alfaiataria de 1970 e ao cenário disco, as peças da Fendi em destaque nessa coleção foram os kaftans e camisas, rendas e uma combinação que tem sido bastante usada: blazer, sutiã e calça. A grife também apostou em uma homenagem as suas peças, e junto ao The Antonio Archives, estampou suas peças com ilustrações de Antonio Lopez, relembrando várias de suas obras.
Já para a Versace, as inspirações foram as tendências dos anos 2000. Misturando cores fortes, pastéis e vibrantes em cada uma das peças, a grife apostou em diferentes recortes nos looks, muitos deles decorados por alguns alfinetes e glitter em alguns outros. Saias, vestidos, calças e blazers foram destaque na coleção.
Entre alguns nomes de celebridades que desfilaram foram: a cantora Dua Lipa, a modelo Naomi Campbell, a modelo Lourdes Leon e a modelo Gigi Hadid. Outros nomes que não desfilaram, mas atenderam ao evento foram: Becky G e Bella Thorne.
Além de passar pela passarela, a cantora britânica também teve uma de suas músicas, a faixa “Physical”, como trilha sonora da apresentação, o que pode ser uma forma de atrair mais pessoas de outras gerações para conferirem mais da marca.

Foto: Luca Bruno/E Online/Fashion Foward
Mas, as aparições de Fendi e Versace não pararam nesse desfile da quarta-feira (22). As marcas voltaram a se apresentar em uma parceria, no domingo (26), em que uma coisa diferente aconteceu, os diretores criativos de cada marca trocaram de lugar para criarem peças. Enquanto Donatella Versace ficou responsável pela Fendi, Kim Jones e Silvia Venturini Fendi assumiram a Versace, para aquela coleção específica.
Passaram pela passarela peças como minissaias e vestidos, com alfinetes presos em determinadas regiões para acrescentar mais detalhes.

Foto: Coleção Versace by Fendi (Divulgação)
Ambos se inspiraram na história de cada marca e os elementos já utilizados em desfiles anteriores. A parceria foi intitulada como “Fendace”. A ideia surgiu durante um jantar entre Silvia Fendi e a filha, Delfina Delettrez.
Apesar de looks elegantes e sexys, as peças não trazem grandes novidades, o que era esperado, já que teríamos duas grandes marcas sendo visualizadas de diferentes maneiras, devido à troca momentânea de direção criativa.
Com estampas em tons de amarelo em meio ao tecido preto e branco, por exemplo, as mesmas peças poderiam facilmente serem encontradas em coleções separadas das duas marcas, o que frustrou parte do público que esperava algo diferente com a parceria.
Mesmo não surpreendendo tanto, as peças foram bem aceitas em geral e elogiadas por grande parte da mídia. Além disso, por ser uma parceria de duas grandes marcas de sucesso, com certeza teve grande destaque na semana de moda italiana.
Prada traz a repaginação de peças históricas

Foto: Prada/Divulgação
“Vestidos de noite, trajes históricos: essas roupas podem se complicar. Queríamos torná-las descomplicadas, fáceis. Isso parece moderno” afirmou Raf Simons, diretor criativo da marca.
Em seu desfile na Semana de Moda de Milão, a Prada apresentou vestidos abertos nas costas, minissaias de cetim com caudas e jaquetas. A grife foi uma das que apostaram nas cores vibrantes para sua coleção, como laranja, verde limão e rosa. Além disso, para os detalhes de alguns looks, foram usadas rendas de corpetes por cima de tecidos de malha.
"Usando estas ideias, estas referências a peças históricas, esta coleção é uma investigação do que elas significam hoje, do que sedução significa" afirmou a marca.
O Brasil em Milão

Foto: Reprodução Instagram (@_fashionvibesmilano)/ Eliane Machado
Assim como nas outras semanas de moda que passaram, na Itália também não foi diferente e uma grande lista de nomes brasileiros compareceram ao evento. Raynara Negrine, Laiza de Moura, Allana Brito, Bárbara Valente e Kerolyn Soares são algumas das modelos que desfilaram pelas passarelas da metrópole.
Além disso, as marcas brasileiras também tiveram um grande espaço. Nos dias 24 e 25 de setembro aconteceu o Fashion Vibes, um evento da programação da semana em Milão, onde se apresentaram marcas do Brasil, como: Helena Pontes, Libertees, KF Branding, Catarina Mina, Enéas Neto, Natural Cotton Collor e Rico Bracco.
Mas, as novidades desses desfiles não param por aí. As marcas listadas utilizam somente materiais sustentáveis para produzir suas peças.
"Queríamos apresentar ao mercado europeu também a gama de materiais que temos aqui, como o algodão orgânico que nasce colorido em alguns estados do Nordeste, a seda e poliamida biodegradável" contou Rafael Morais, o coordenador da Brasil Eco Fashion Week, que foi responsável pela ideia.
Várias outras marcas se apresentaram, sendo alguns exemplos: Roberto Cavalli e Giorgio Armani. Quem ficou responsável por fechar a semana na Itália foi a Lagos Space Programe.
Dos 62 desfiles, 42 foram presenciais, com uma programação que terminou oficialmente no dia 27 de setembro.
Paris Fashion Week

Foto: Reprodução/Instagram - desfile Saint Laurent
Paris recebeu sua tão famosa semana de moda entre os dias 27 de setembro e 5 de outubro, assim como Milão, também foi exigido a apresentação do passe sanitário para assistir aos desfiles presenciais. As grandes grifes voltam a realizar seus desfiles para o público, e Paris volta a se agitar com a presença de celebridades, as tradicionais grifes parisienses como Saint Laurent, Dior, Chanel e Louis Vuitton mostram suas coleções para o verão de 2022.
Olhando para os desfiles e as coleções apresentadas, fica claro que as referências aos anos 2000 não acabaram ainda, Miu Miu apostou em minissaias extremamente curtas, por exemplo, bastante sensualidade segue sendo a aposta de Saint Laurent. Já para os calçados, as gladiadoras estão voltando com força, agora em diversas versões com ou sem salto.
Saint Laurent empolga os fãs fiéis, mas desaponta a nova geração

Fotos: Reprodução/ Instagram
A grife francesa volta ao seu tradicional desfile em frente a Torre Eiffel, o cenário incrível que serviu de fundo para o desfile da marca não pareceu suficiente para blindar a coleção de críticas a falta de adaptação para a realidade dos novos tempos. Com peças bastante sensuais e justas aos corpos, saltos extremamente altos, Anthony Vaccarello levou a passarela referência aos anos 80, com macacões, ombreiras e mangas volumosas.
Apesar de uma coleção que trouxe peças que poderiam ser usadas no dia a dia, ainda assim, o glamour que a marca volta a mostrar em seu retorno às passarelas parece deslocado do período pelo o qual o mundo passou, assim como dos tempos em que vivemos que pede por mais diversidade, as modelos da grife sempre foram extremamente magras, e nada mudou aqui, assim como as peças apresentadas também parecem terem sido feitas exclusivamente para esses corpos. Enquanto muitas grifes estavam dispostas a trazer um cast de modelos diferentes em corpos e estilos, para mostrar suas roupas se adaptando a todos, Saint Laurent seguiu seu padrão de sempre.
Apesar das críticas de uma geração que deseja o novo e a quebra de padrões, os fãs mais antigos e fiéis da marca pareceram felizes com os ternos em caimentos perfeitos e os vestidos elegantes e sensuais da marca. E, assim como tudo na moda, o desfile dividiu opiniões.
Dior divide opiniões, de novo!

Fotos: Reprodução/ Instagram
Sob direção criativa de Maria Grazia Chiuri a tradicional grife apresentou uma coleção que com certeza pode ser vista como diferente das anteriores, "É minimalista, muito geométrico e com tecidos rígidos. Quase não tem bordado. Com relação ao que costumamos fazer, é muito diferente" disse Pascal Coppin, chefe das oficinas de vestidos e conjuntos soltos da grife. A coleção referenciou a própria grife, olhando para o trabalho de Marc Bohan que ficou no comando da direção criativa da grife por 30, Bohan ficou conhecido por modernizar o estilo da Dior e mostrar feminilidade em cinturas mais largas, dessa forma, no Verão 22, apresentado em Paris, Maria Grazia trouxe minissaias, casacos, jaquetas estruturadas e muita cor.
A coleção foge do estilo romântico e fantasioso das coleções da diretora criativa, os vestidos de tule não foram destaque pela primeira vez, desde que Maria Grazi assumiu a grife, com certeza foi interessante ver uma novidade nas passarelas da Dior, e os conjuntos coloridos e divertidos apresentam grande potencial. Mas a coleção não parou por aí, além da referência ao próprio passado, também houve referência ao esporte, mais especificamente ao box, shorts que imitam calções de luta e o vem com os dizeres “Dior Vibe” parece uma tentativa de ser mais jovial, mas não pareceu agradar o público geral.
Ainda assim, as peças mais estruturadas e coloridas foram muito bem elogiadas, especialmente pela crítica especializada, sem dúvidas uma tentativa interessante e ousada por parte de Maria Grazi.
A estreia de Matthew Williams nas passarelas

Fotos: Reprodução/ Instagram
Givenchy volta às passarelas com seu desfile presencial, e pela primeira vez com Matthew Williams no comando da direção criativa, o designer assumiu a grife em 2020 e fez sua estreia com a coleção de verão 2021, já longe das passarelas devido a pandemia.
A inspiração por trás da coleção foi o inverno 2010 da Givenchy, sob comando criativo de Riccardo Tisci, a coleção fazia alusão a mergulhadores, agora o novo diretor criativo une isso a sua estética as referência da coleção de 2010, a coleção ainda conta com uma parceria entre a grife e o artista Josh Smith, que assina as pinturas coloridas encontrada em algumas peças da coleção, o artista é conhecido por obras cheias de vida e cores. Sobre a parceria Matthew Williams disse "Josh tem uma estética muito diferente da minha. Foi uma oportunidade legal de sair da minha zona de conforto e explorar um novo espaço".
As peças apresentadas na passarela mesclam o estilo moderno e street do designer com a delicadeza conhecida da casa, Williams apresentou peças estruturadas, mas deu a elas um toque romântico adicionando babados, peplums e renda, ainda assim elas eram peças fortes e poderosas, cheia de formas geométricas ousadas, com as botas longas e envernizadas e as transparências, o visual ainda ganhou um ar sexy.
A coleção foi bem recebida pelo público geral, Matthew Williams traz juventude e inovação a tradicional Givenchy, observar as mudanças que o designer teve a ousadia de trazer é interessante e impossível de ignorar.
Balenciaga faz parceria com os Simpsons

Fotos: Reprodução/ Youtube/ Instagram
Ousado e inovador, como sempre, Demna Gvasalia realizou uma parceria entre a grife e os Simpsons, um curta metragem divertido mostra a família Simpson e toda Springfield sendo surpreendida com uma viagem para Paris para participar do desfile da Balenciaga. Dessa forma, a apresentação se dividiu em duas partes, entre a mostra do curta-metragem que mostra os personagens da série de desenho animado desfilando com as roupas da marca, peças apresentadas em coleções anteriores, e uma live que mostrava um tapete vermelho, por onde celebridades passavam com as roupas da coleção do verão de 22 da grife.
Balenciaga optou dessa forma por abandonar um desfile tradicional com modelos, o tapete vermelho podia ser visto da rua, permitindo uma maior participação do público, além do formato diferente, um cast só de modelos também foi dispensado, quem desfilou as roupas foram celebridades das mais diversas áreas, como o piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton, a atriz francesa Isabelle Huppert, o ator Elliot Page, entre outros grandes nomes.
A coleção é uma mostra de que o preto segue sendo uma aposta que não pode dar errado, sendo a cor principal da coleção, com alguns toques de cor em um ou outro vestido e acessórios. As peças são bem oversized, apresentam diversos tecidos e materiais como couro e tule, o volume também não ficou de fora, vestidos grandes e cheios de camadas se destacaram.
Agora a temporada de moda se encerrou, podemos olhar para as coleções apresentadas em ambas as semanas de moda e ver a volta dos desfiles presenciais instigaram os designers a ousarem mais, saírem de zonas de conforto. As coleções citadas representam uma temporada que foi marcada por ideias de diversão, de vontade de viver a vida e de estar nas ruas, já que isso nos foi privado por tanto tempo.
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