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AS CONSEQUÊNCIAS DO LOCKDOWN: SEU IMPACTO NA ECONOMIA E SAÚDE MENTAL DA POPULAÇÃO

  • Foto do escritor: Uiliam Grizafis
    Uiliam Grizafis
  • 16 de mar. de 2021
  • 4 min de leitura

Imagem de domínio público

Os problemas trazidos pela pandemia de Covid-19 vão além das questões estruturais da saúde, como a falta de leitos, superlotação e abastecimento de oxigênio. As implicações na saúde mental do trabalhador brasileiro causadas pela incerteza e pelo medo é um fato que se destaca no cenário atual. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas (INDEC), na Argentina, os impactos foram destrutivos. Em uma pesquisa realizada em Buenos Aires, de agosto a outubro de 2020, pelo Instituto Nacional de Pesquisas (INDEC), 40,3% dos lares que responderam a pesquisa, registraram problemas de emprego para ao menos um dos seus integrantes, outros 49,3% dos lares consultados, tiveram uma redução no seu salário total, enquanto 33,8% reduziram o consumo de ao menos um alimento (carnes, verduras frescas ou leite). Do total de pesquisados, 45,8% diminuíram o consumo de produtos não alimentícios e 28,6% deixaram de pagar ou tiveram problemas para cobrir os pagamentos de serviços de casa.


O Coronavírus tem gerado muitas discussões polêmicas entre quem é a favor e contra o lockdown. Há quem diga que é benéfico porque atenua as infecções, e outros, afirmam que é prejudicial para quem precisa colocar a comida em sua mesa.


O governador de São Paulo, João Dória (PSDB), decretou lockdown em todo o estado, com medidas restritivas. A decisão foi tomada quando o Brasil ultrapassou as 270 mil mortes, o pior momento da pandemia. Esse número leva o país a estar em segundo lugar por números de óbitos, atrás apenas dos EUA. Ao considerar os números por milhão de habitantes, o Brasil ocupa a 19ª posição, atrás de países como Itália, França, Portugal, Reino Unido e Espanha, de acordo com a Johns Hopkins University.


ARTIGO FALA DE DOIS TIPOS DE RESTRIÇÃO


Um artigo escrito de Patrick Carroll para a FEE – Fundation Economic Education, traz a pergunta: Por que o Lockdown é coisa de gente privilegiada? O autor conta que imigrantes foram demitidos de seus empregos e sobre as mães solteiras, que não podem ter acesso às creches. Idosos que não conseguem apoio e pessoas com doenças mentais que lutam contra a falta de rotina. O autor aborda dois tipos de restrição totalmente diferentes:


O primeiro tipo de Lockdown é aquele experimentado pela “elite”. Mais parecido com o que ele chama de “inconveniência romantizada”, esse tipo de restrição é caracterizado pelo trabalho remoto, reuniões pelo zoom e pedidos pelo Uber Eats.


O segundo tipo de restrição é aquela experimentada pela classe baixa. Para muitos, significa desemprego ou subemprego. Esse tipo de restrição tem levado a taxas mais altas de suicídio e prejudicado toda uma geração de crianças cujo bem-estar psicológico depende de interações sociais.


O Dr. David Nabarro, ex-candidato do Reino Unido para chefiar a OMS e atual Enviado Especial da organização para a Covid-19, disse que tais medidas devem ser tratadas apenas como último recurso.


Em entrevista à Andrew Neil, da revista britânica The Spectador, o Dr. David Nabarro, disse que a única coisa que os Lockdowns conseguiram foi pobreza. Além da entrevista, Nabarro já havia alertado ao Comitê de Relações Exteriores do Reino Unido que “medidas de contenção” levariam a “grandes aumentos na pobreza, fome, desemprego e assim por diante”.


Lockdown no Brasil


De acordo com a Revista Oeste, quase 50 milhões de estudantes ficaram entregues à própria sorte – particularmente os 80% matriculados em escolas públicas. Destes, quase 25% não têm acesso à internet, e cerca de 4 milhões de jovens abandonaram os estudos, segundo uma pesquisa encomendada pelo banco digital C6 Bank.


Um estudo coordenado pelo médico Fabio Jung, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e publicado em setembro de 2020, mostrou que a paralisação das escolas ameaça a saúde psiquiátrica de crianças e adolescentes, compromete a segurança alimentar e os torna mais expostos a abusos e maus-tratos, a drogas e violência.


The Great Barrington Declaration


Tendo em vista as consequências do fechamento, três cientistas se reuniram na cidade de Great Barrington, no estado de Massachusetts, em outubro de 2020, e assinaram um manifesto propondo medidas liberais no combate à pandemia de Covid-19. A abolição do lockdown foi a pauta principal do manifesto. Medidas liberais foram propostas, alertando sobre a importância da volta às atividades daqueles que não são consideradas pessoas vulneráveis. Essa abordagem foi chamada de “Proteção Focalizada”.


Esse documento contou com a participação de epidemiologistas como Martin Kulldorf (professor de Medicina da Universidade de Harvard), Sunetra Gupta (professor na Universidade de Oxford) e Jay Bhattacharya (professor na Escola de Medicina da Universidade de Stanford). Eles afirmaram que as políticas de confinamento estão a produzir efeitos devastadores na saúde pública, como queda nas taxas de vacinação infantil, agravamento nos casos de doenças cardiovasculares, diminuição dos exames para detecção e tratamento de câncer e deterioração da saúde mental.


O Manifesto sugere que medidas sejam adotadas para proteger os mais vulneráveis, enquanto aqueles que correm menos risco, possam ser integrados à vida normal. “Sabemos que todas as populações eventualmente alcançarão a imunidade de rebanho – ou seja, o ponto em que a taxa de novas infecções é estável – e que isso pode ser assistido por (mas não depende de) uma vacina”, diz o manifesto.


Brasileiro que se desdobra


A reportagem conversou com José Augusto de Paula Silva – 47 anos. Ele conta que trabalhava numa empresa e tinha planos de comprar outro apartamento como forma de investimento. Hoje está desempregado, terminou sua reserva e se desdobra trabalhando como autônomo vendendo plano de saúde. O que o ajuda é o emprego da esposa. A situação do José Augusto é uma entre milhões de brasileiros que precisam comprar alimentos, remédios e honrar as contas do mês. A pandemia, de fato, não trouxe somente problemas nos hospitais, mas trouxe, também, consequências no bolso do trabalhador, dificuldades metais, violência, abusos, depressão e outras situações, que muitas vezes são camufladas. Assim, entre o embate de opiniões e pesquisas, com dados científicos e o comparativo da realidade, seja dos números da Covid-19, ou de seus impactos na economia, o que prevalece é a necessidade de se atuar nas duas frentes. Resta saber quais serão as alternativas capazes de produzir efeitos no curto prazo, atendendo às diferentes demandas da população.

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